segunda-feira, abril 09, 2007

Editorial


por Pe Eduardo Gonçalves

Após o tempo da Quaresma, em que todos fomos convidados a viver os mistérios da Paixão e Morte de Cristo, eis-nos chegados à aurora da Ressurreição. Só vivendo o mistério da Ressurreição é que somos cristãos de corpo inteiro: só a ressurreição de Cristo dá sentido à nossa vivência cristã. Se ficarmos apenas na morte nunca entenderemos o significado da Páscoa.
A palavra Páscoa, na sua língua original significa Passagem. Para o povo de Israel a sua passagem foi da escravidão do Egipto, para a libertação na Terra prometida, levada a cabo por Moisés, o homem que Deus escolheu para conduzir o povo de Israel. Para nós homens da Nova Aliança, a verdadeira Páscoa é, com Cristo, passarmos do pecado e da morte para a vida nova que o Baptismo nos confere.
Para nós que ainda peregrinamos neste mundo, sujeitos à dor, ao sofrimento, qualquer que seja a forma que este sofrimento apresente, é bem mais fácil unirmo-nos a Cristo na sua paixão. Todos sabemos avaliar por nós ou pelo que vemos à nossa volta o que é a condição de pecadores. Viver a Ressurreição exige de nós o acolhimento pela Fé total, a certeza da ressurreição de Cristo.
Da morte e dos sofrimentos de Cristo temos muitos testemunhos, quer daqueles que Nele depositavam as suas mais profundas esperanças, quer daqueles que o condenaram à morte: Pilatos, os sumos sacerdotes, os doutores da Lei, ou mesmo, dos estrangeiros que por esse tempo estavam em Jerusalém para celebrar a festa da páscoa judaica, quer pelo testemunho do centurião romano que, com os soldados às suas ordens executaram a mais infame das sentenças. São Pedro, na manhã da ressurreição diz com toda a clareza: vós mataste o Justo e Inocente., mas Deus ressuscitou-O de entre os mortos. Na aurora daquele Domingo ninguém viu, ninguém suspeitou que naquele momento se deu o mais extraordinário acontecimento de toda a História: Cristo ressuscitado já está para além da História o que leva o Apóstolo Paulo a perguntar: Onde está ò morte a tua vitória? Onde está o teu aguilhão?
Cristo Vencedor do pecado e da morte, introduz a nossa natureza humana, para além dos limiares da eternidade.
É para esta vida nova que Cristo nos convida, pelas palavras de Paulo: “se morrestes com Cristo para o pecado, com Ele vivereis para a vida eterna.”
Quando está prestes a deixar este mundo, Cristo faz um desafio aos Apóstolos e a todos os homens que ao longo da História nele depositam a plenitude da sua Fé: “ide por todo o mundo, anunciai a Boa Nova, sede testemunhas da minha ressurreição. Quem acreditar será salvo, quem não acreditar já está condenado, porque não acreditou na Minha palavra.” Podemos passar pelas mesmas dúvidas de S. Tomé ou pelo desencanto dos discípulos de Emaús. Faz parte da nossa condição humana. Mas, porque já estamos para lá do tempo, Cristo que prometeu ficar connosco e enviar-nos o Espírito da Verdade, está sempre com todos os homens que nele depositam a razão de ser da sua condição humana: já neste mundo vivemos a realidade eterna. Na hora em que Deus nos chamar ouviremos as palavras dirigidas ao bom ladrão: “hoje mesmo estarás comigo no Paraíso.” Esta é nossa grande certeza: com Cristo venceremos o pecado e morte.

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