quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Edição de Fevereiro 2007




Faz este mês de Fevereiro sete anos que saiu pela primeira vez o Jornal Dia do Senhor, com uma pequena equipa de trabalho e com uma única folha A4. Sete anos depois crescemos, não só em folhas, mas também em pessoas que colaboram todos os meses por um jornal melhor.

Resta-me agradecer a todos os que, ao longo destes sete anos, ajudaram esta equipa a levar a sua tarefa até ao fim, a cada mês que passa!

Estela Costa

terça-feira, fevereiro 06, 2007

Opinião

Pe Eduardo Gonçalves


Quando no já longínquo ano de 1962, no princípio do Concílio Vaticano II, o Papa dizia claramente que a Igreja tinha que se pôr "em dia ", muita gente ficou escandalizada. Muitos perguntavam: "Mas a Igreja não tem que ser sempre a mesma? Então vão-se introduzir certas modernices dentro da Igreja?". A verdade é que os bispos de todo o mundo chegaram à conclusão que a Igreja tinha mesmo que caminhar ao lado do mundo, não para o imitar , mas para o acompanhar. É verdade que a Igreja que Cristo fundou é na sua essência, no seu íntimo, sempre a mesma. Mas para ser sinal de Salvação para o mundo, tem que compreendê-lo para o conduzir para Cristo. No passado domingo lemos a carta de S. Paulo em que o Apóstolo nos dizia que cada um tem o seu lugar, a sua função o seu carisma. Dava-nos o exemplo do corpo que apesar de ter muitos membros todos diferentes todos fazem parte de um só corpo.

Realizámos há bem pouco tempo a festa de Santo Antão, já com uma tradição de mais de 50 anos. Esta continuidade é possível porque cada um ocupa um lugar, faz uma tarefa, realiza uma missão. Somos muitos a trabalhar para um só fim: apenas deste modo continuamos a fazer o que fazemos, a dar exemplo a quem nos visita .

Há verdades de fé que são imutáveis, são de todos os tempos, de todos os lugares. Contudo, para podermos ser exemplo de unidade, temos que ter determinadas exigências para sermos sinal de unidade naquelas coisas que mudam e que se devem adaptar aos tempos novos que vivemos, principalmente em aspectos que por não serem dogma de fé, devem adaptar-se aos novos tempos. Nâo passa pela cabeça de ninguém que nos voltemos a vestir como se vestiam os nossos antepassados de há trezentos ou quatrocentos anos. Se assim procedêssemos, não seríamos levados a sério. A vida moderna tem conhecimentos, exigências, costumes que não podemos, de modo algum, pôr de lado. Quantas pessoas sabiam ler e escrever no princípio do século XX? Voltamos a esses tempos? Concerteza que não. Seria um grave retrocesso. Todos nos lembramos da tristeza que foi para a Igreja quando um bispo suíço, pretendeu regressar ao passado, como, por exemplo voltar a celebrar a missa e os sacramentos em latim, em que o povo de Deus morria à míngua do pão da palavra. Porque não quis ouvir a voz da autoridade do Papa foi suspenso de celebrar a Eucaristia.

Nos nossos dias começam aparecer alguns sinais inquietantes de pequenos grupos de cristãos que querem voltar ao passado: se for para viver mais intensamente a vida cristã, voltemos até aos primitivos tempos das perseguições aos cristãos no império romano. Não misturemos o que é a palavra desautorizada de alguns bispos e sacerdotes, com o essencial da vivência da Fé.

Não é aceitável que certos grupos tentem impor o seu modo de pensar e agir, contra ou à margem do pensamento da Igreja. O essencial é vivermos a caridade, a tolerância, o perdão, o Amor.

Fotografias da Festa

Fotografias de Rui Isabel





































quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Editorial

Por Patrícia Almeida

A festa de Santo Antão é já uma tradição na pequena grande comunidade que é Salir de Matos. Não posso precisar a data em que se realizou a primeira, mas sei que foi já há muito tempo…
Diz-se do tempo ter um efeito de corrosão, de desgaste. No entanto, é curioso como a passagem do tempo em Salir de Matos tem, pelo contrário, renovado forças necessárias para a continuação da Festa. Ao longo de anos, homens e mulheres abdicam do seu tempo pessoal em prol de uma Festa que reúne toda a comunidade em honra de um Santo. E fazem-no de boa vontade. Abrem mão de um tesouro que hoje em dia nos é tão caro, o tempo, e envolvem-se na organização e na execução desta tradição. E é bom chegar à festa de Santo Antão e ver as pessoas, como se de um conjunto de formigas laboriosas se tratasse, alegres no desempenho da sua função, num ambiente de entreajuda que se caracteriza pela partilha de um objectivo comum: celebrar o Santo Antão.
E a festa acaba por ser resultado de um trabalho de equipa, um trabalho planeado e exigente de uma colaboração activa entre todos. Mais ainda, é de realçar a participação crescente dos jovens da comunidade numa festa que à partida poderia não parecer tão cativante para os jovens. Temos um grupo de jovens activos, participativos e que me parecem bastante empenhados em levar adiante esta festa.
A força que existe em Salir de Matos renova-se assim também através das gerações e se a festa de Santo Antão este ano acaba por ser símbolo também do início da comemoração dos 250 anos da nossa Igreja, podemos então dizer que venham mais 250 anos porque a gente da paróquia de Salir de Matos está à altura do desafio.

Conto do mês

Conta uma lenda dos índios sioux que, certa vez, Touro Bravo e Nuvem azul chegaram de mãos dadas à tenda do velho feiticeiro da tribo e pediram:
Nós amamo-nos e vamos casar. Mas amamo-nos tanto que queremos ficar sempre juntos, até à morte. Que conselho nos dá para ficarmos sempre um ao lado do outro?
E o velho, emocionado ao vê-los tão jovens, tão apaixonados e tão ansiosos por uma palavra, disse: Tu, Nuvem Azul, deves escalar o monte ao norte da aldeia, caçar o falcão mais vigoroso apenas com uma rede e trazê-lo aqui, com vida. E tu, Touro Bravo, deves escalar a montanha do trono, apanhar a mais brava de todas as águias somente com uma rede e trazeres-ma viva! Os jovens abraçaram-se com ternura e logo partiram para cumprir a missão. E cumpriram-na. E agora, o que faremos? Perguntaram os jovens. Peguem nas aves e amarrem uma à outra pelos pés. Quando estiverem amarradas, soltem-nas para que voem livres. Respondeu o ancião.
Eles fizeram o que lhes foi ordenado e soltaram os pássaros. A águia e o falcão tentaram voar, mas conseguiram apenas saltar pelo terreno. Minutos depois, irritadas pela impossibilidade do voo, as aves arremessaram-se uma contra a outra, bicando-se mutuamente. Então o velho disse: O meu conselho é que nunca esqueçam isto que estão a ver. Vocês são como a águia e o falcão. Se estiverem amarrados um ao outro, ainda que por amor, não só viverão arrastando-se como também, cedo ou tarde, começarão a ferir-se mutuamente. Se quiserem que o amor entre vocês perdure voem juntos mas jamais amarrados.

Os chouriços

Preparativos para a Festa












Corte das carnes (fotos de 2006)

 

 

 

 
Posted by Picasa

A passagem de Ano



O ano começou com uma animada reunião de alguns paroquianos que cumpriram o prometido: começar o ano a tocar as 250 badaladas no sino da Igreja.
Faltavam 10 minutos para a meia-noite quando chegámos ao adro da Igreja. Estavam oito pessoas que já tinham colocado umas mesas no meio da escadaria com alguns aperitivos e o tradicional champagne.
Foi muito engraçado começar a ver aparecer pessoas de ambos os lados da rua, que deixaram as festas em suas casas por momentos e vieram juntar-se a nós. Cerca de 60 pessoas ajudaram a tocar o sino, riram, brincaram e desejaram um Ano de 2007 melhor que o que acabara de passar.
Foi uma passagem de ano diferente. É bom que a Igreja seja também um motivo para as pessoas se encontrarem e, também, para se divertirem.

Estela Costa



Comunidade


Festa de Santo Antão... a Procissão.

Nas muitas dezenas de anos em que já se realiza a Festa de Sto Antão um dos pontos fortes da festa religiosa é, sem dúvida, a Procissão. Num tempo em que cada vez menos existem este tipo de manifestações de Fé e onde se questiona cada vez mais a sua importância, a verdade é que esta se mantém, acima de tudo, como testemunho da continuação da tradição. E o que é realmente bonito de ver é como a tradição se vai alterando, quando se observa um número crescente de mulheres que “carregam os andores”, quando esta era quase sempre uma tarefa masculina. É de salientar também a maior participação de jovens e crianças. Este ano, com a colaboração do Pedro Costa, fizemos uma reportagem fotográfica deste momento singular que poderá ver na íntegra no blog do jornal Paroquial, infelizmente só para quem tem acesso à Internet.
A Procissão de Sto Antão tem início no dia anterior com a retirada dos andores e dos estandartes e a preparação dos andores com flores, tarefa essa que consome muitas horas de trabalho. No dia seguinte, após a Missa Paroquial, as pessoas vão-se aproximando do altar e distribuem-se as tarefas a executar durante a Procissão. Na rua, as pessoas vão-se organizando em duas filas laterais, atrás dos estandartes, das crianças e mulheres que carregam as lanternas e outras imagens religiosas, os andores e o sacerdote, acompanhado pelos acólitos. No final da Procissão vai sempre a Banda, que há já alguns anos é a Banda Filarmónica que executa algumas músicas durante o Cortejo.
Há ainda a salientar o grupo de mulheres que carregam à cabeça as Fogaças, uma tradição que quase morreu, havendo anos em que só havia uma ou duas, mas, felizmente, voltou a ter bastante participação por parte dos Lugares da Freguesia. A Fogaça é um bolo conhecido como um pão doce feito com farinha, açúcar, manteiga, ovos, limão e sal. A sua forma é interessante: uma forma arredondada, encimada por quatro bicos que representam as quatro torres do castelo. Reza a história deste doce que, por volta dos séculos XV e XVI Portugal sofreu uma grande epidemia, a peste. O povo sofreu os seus efeitos. A doença, a fome e a morte levaram-no a erguer as mãos para o Céu e fizeram uma promessa: se Deus através de S. Sebastião libertasse o povo daquela desgraça, todos os anos seria feita uma procissão onde raparigas honestas e pobres da vila transportariam o pão (Fogaça) à cabeça que seria oferecido às gentes necessitadas. Talvez tenha sido esta a origem desta tradição em Salir de Matos.

Tocam os sinos da torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Vai passando a procissão.
Mesmo na frente, marchando a compasso,
De fardas novas, vem o solidó.
Quando o regente lhe acena com o braço,
Logo o trombone faz popó, popó.
Olha os bombeiros, tão bem alinhados!
Que se houver fogo vai tudo num fole.
Trazem ao ombro brilhantes machados,
E os capacetes rebrilham ao sol.
Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Vai passando a procissão.
Olha os irmãos da nossa confraria!
Muito solenes nas opas vermelhas!
Ninguém supôs que nesta aldeia havia
Tantos bigodes e tais sobrancelhas!
Ai, que bonitos que vão os anjinhos!
Com que cuidado os vestiram em casa!
Um deles leva a coroa de espinhos.
E o mais pequeno perdeu uma asa!
Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Vai passando a procissão.
Pelas janelas, as mães e as filhas,
As colchas ricas, formando troféu.
E os lindos rostos, por trás das mantilhas,
Parecem anjos que vieram do Céu!
Com o calor, o Prior aflito.
E o povo ajoelha ao passar o andor.
Não há na aldeia nada mais bonito
Que estes passeios de Nosso Senhor!
Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Já passou a procissão.

Letra: António Lopes Ribeiro
Intérprete: João Villaret