terça-feira, fevereiro 06, 2007

Opinião

Pe Eduardo Gonçalves


Quando no já longínquo ano de 1962, no princípio do Concílio Vaticano II, o Papa dizia claramente que a Igreja tinha que se pôr "em dia ", muita gente ficou escandalizada. Muitos perguntavam: "Mas a Igreja não tem que ser sempre a mesma? Então vão-se introduzir certas modernices dentro da Igreja?". A verdade é que os bispos de todo o mundo chegaram à conclusão que a Igreja tinha mesmo que caminhar ao lado do mundo, não para o imitar , mas para o acompanhar. É verdade que a Igreja que Cristo fundou é na sua essência, no seu íntimo, sempre a mesma. Mas para ser sinal de Salvação para o mundo, tem que compreendê-lo para o conduzir para Cristo. No passado domingo lemos a carta de S. Paulo em que o Apóstolo nos dizia que cada um tem o seu lugar, a sua função o seu carisma. Dava-nos o exemplo do corpo que apesar de ter muitos membros todos diferentes todos fazem parte de um só corpo.

Realizámos há bem pouco tempo a festa de Santo Antão, já com uma tradição de mais de 50 anos. Esta continuidade é possível porque cada um ocupa um lugar, faz uma tarefa, realiza uma missão. Somos muitos a trabalhar para um só fim: apenas deste modo continuamos a fazer o que fazemos, a dar exemplo a quem nos visita .

Há verdades de fé que são imutáveis, são de todos os tempos, de todos os lugares. Contudo, para podermos ser exemplo de unidade, temos que ter determinadas exigências para sermos sinal de unidade naquelas coisas que mudam e que se devem adaptar aos tempos novos que vivemos, principalmente em aspectos que por não serem dogma de fé, devem adaptar-se aos novos tempos. Nâo passa pela cabeça de ninguém que nos voltemos a vestir como se vestiam os nossos antepassados de há trezentos ou quatrocentos anos. Se assim procedêssemos, não seríamos levados a sério. A vida moderna tem conhecimentos, exigências, costumes que não podemos, de modo algum, pôr de lado. Quantas pessoas sabiam ler e escrever no princípio do século XX? Voltamos a esses tempos? Concerteza que não. Seria um grave retrocesso. Todos nos lembramos da tristeza que foi para a Igreja quando um bispo suíço, pretendeu regressar ao passado, como, por exemplo voltar a celebrar a missa e os sacramentos em latim, em que o povo de Deus morria à míngua do pão da palavra. Porque não quis ouvir a voz da autoridade do Papa foi suspenso de celebrar a Eucaristia.

Nos nossos dias começam aparecer alguns sinais inquietantes de pequenos grupos de cristãos que querem voltar ao passado: se for para viver mais intensamente a vida cristã, voltemos até aos primitivos tempos das perseguições aos cristãos no império romano. Não misturemos o que é a palavra desautorizada de alguns bispos e sacerdotes, com o essencial da vivência da Fé.

Não é aceitável que certos grupos tentem impor o seu modo de pensar e agir, contra ou à margem do pensamento da Igreja. O essencial é vivermos a caridade, a tolerância, o perdão, o Amor.

Sem comentários: