sexta-feira, junho 08, 2007

Editorial de Junho

Por Pe Eduardo Gonçalves

Pentecostes

Em todos os tempos da História, quando a lemos com atenção, verificamos que sempre foi difícil dar o lugar ao Espírito. É muito mais cómodo e "rentável" viver de acordo com as exigências puramente materiais. Jesus Cristo chamava a atenção aos discípulos quando os alertava para esta realidade: "o Espírito está pronto mas a carne é fraca”. Se esta afirmação é verídica (quem de nós ousa duvidar da sua verdade), nos dias em que nos é dado viver, esta verdade é ainda mais autêntica e quase palpável.
Nós adultos, por vezes, caímos na tentação de chamar aos mais novos, os tempos em que vivemos quando tínhamos a sua idade: contentávamo-nos com uma sardinha a dividir por três, a escola era só para alguns privilegiados, vida cómoda era o que não existia. Lembro-me da resposta que já há alguns anos um aluno me dava: parece que vocês adultos têm inveja do que nós temos, estão sempre a tocar a mesma música". Penso que há um fundo de razão nesta frase. Não temos tanto que nos preocupar como foi o passado, mas como deve ser o presente a fim de preparar o futuro.
O lugar do Espírito Santo na própria Igreja é muitas vezes esquecido, abafado pelas preocupações materiais. Em relação aos filhos, os pais deveriam ter mais cuidado com as realidades espirituais, mesmo falando em termos apenas humanos. Preocupam-se os pais em que nada falte aos filhos, e muitas vezes, o essencial fica esquecido.
Quando o Apóstolo São Paulo chegou à cidade de Éfeso, uma comunidade dinâmica e apostólica, perguntou aos chefes dessa Igreja se já tinham recebido o Espírito Santo. A esta tão simples pergunta imagino qual a reacção do Apóstolo quando ouviu a resposta dada: "mas nós nem sequer sabemos o que é o Espírito Santo". E se a pergunta fosse feita hoje nas nossas comunidades?
O nosso tempo é marcado por grandes contrastes; se é verdade que há um número cada vez maior e mais consciente de cristãos e mesmo não cristãos do lugar fundamental, no equilíbrio emocional e existencial do homem, que a dimensão espiritual nos trás, também é verdade que este número é cada vez mais pequeno. A grande maioria dos homens, mesmos os bem-intencionados, quando procuram resolver os problemas cada vez mais prementes da fome, da guerra, das divisões que afastam os homens uns dos outros, raramente encontram a solução que tenha êxito, a razão só pode ser uma: os homens procuram a solução onde ela não está seja no materialismo, seja na força das armas: as guerras nunca deram pão nem saúde, nem bem-estar. Falta-lhes o Espírito, o dom de Deus, o abraço fraterno, numa palavra: o Amor. Todos concordamos que uma pobre e humilde mulher do nosso tempo matou a fome e trouxe a esperança e o bem-estar aos pobres, aos doentes, aos abandonados, do que todos os tratados solenemente assinados, para no dia seguinte serem esquecidos.
Porque vivia do Espírito Santo, a Madre Teresa de Calcutá, é dela que falo, resolveu mais problemas, mesmo materiais, do que os grandes da Terra. A verdadeira grandeza do Homem está em deixar-se conduzir pelo Espírito de Deus.

1 comentário:

Jovens Reunidos disse...

toca a por o jovensreunidos.blogspot.com nos links vá ;P