sexta-feira, dezembro 28, 2007

CONTO DO MÊS

Um dia, quando um homem chegou tarde a casa, cansado e irritado após um dia de trabalho, encontrou, esperando por si à porta, o seu filho de 5 anos.
«Papá, posso fazer-te uma pergunta?»,«Claro que sim. O que é?». «Quanto ganhas numa hora?»
«Isso não é da tua conta. Porque me perguntas isso?! - respondeu o homem, zangado.». «Só para saber. Por favor... diz lá... quanto ganhas numa hora?» – perguntou novamente o miúdo.«Bom... já que queres tanto saber, ganho 10 euros por hora.» «Oh!» - suspirou o rapazinho, baixando a cabeça. Passado um pouco, olhando para cima, perguntou: «Papá, emprestas-me 5 euros?» O pai, furioso, respondeu: «Se a razão de tu me teres perguntado isso, foi para me pedires dinheiro para brinquedos caros ou outro disparate qualquer, a resposta é não! E, de castigo, vais já para a cama. Vai pensar no menino egoísta que estás a ser. A minha vida de trabalho é dura demais para eu perder tempo com os teus caprichos! O rapazinho, cabisbaixo, dirigiu-se silenciosamente para o seu quarto e fechou a porta. Sentado na sala, o homem ficou a meditar sobre o comportamento do filho e ainda se irritou mais. Como se atrevia ele a fazer-lhe perguntas daquelas? Como é que, ainda tão novo, já se preocupava em arranjar dinheiro? Passada mais ou menos uma hora, já mais calmo, o homem começou a ficar com remorsos da sua reacção. Talvez o filho precisasse mesmo de comprar qualquer coisa com os 5 euros. Afinal, nem era costume o miúdo pedir-lhe dinheiro. Dirigiu-se ao quarto do filho e abriu devagarinho a porta.
Já estas a dormir? Perguntou. «Não, papá, ainda estou acordado» - respondeu o miúdo. «Estive a pensar... Talvez tenha sido severo demais contigo» - disse o pai. «Tive um longo e exaustivo dia e acabei por desabafar contigo. Toma lá os 5 euros que me pediste».
O rapazinho endireitou-se imediatamente na cama, sorrindo: «Oh, papá! Obrigado!».E levantando a almofada, pegou num frasco cheio de moedas. O pai, vendo que o rapaz afinal tinha dinheiro, começou novamente a ficar zangado. O filho começou lentamente a contar o dinheiro, até que olhou para o pai. «Para que queres mais dinheiro se já tens aí esse?» - resmungou o pai.
«Porque não tinha o suficiente. Agora já tenho!» - respondeu o miúdo. «Papá, agora já tenho 10 euros! Já posso comprar uma hora do teu tempo, não posso? Por favor, vem uma hora mais cedo amanhã. Gostava tanto de jantar contigo...



“As árvores conhecem-se pelos seus frutos”
Se há coisa que sempre nos garantirá o céu, são os actos de caridade e de generosidade com que tivermos preenchido a nossa existência. Saberemos jamais o bem que pode fazer um simples sorriso? Proclamamos que Deus acolhe, compreende, perdoa. Mas somos a prova viva disso que proclamamos? Os outros detectam em nós esse acolhimento, essa compreensão e esse perdão, vivos? Sejamos sinceros nas nossas relações uns com os outros; tenhamos a coragem de nos aceitar uns aos outros tal como somos. Não nos deixemos espantar nem preocupar com os nossos fracassos nem com os fracassos dos outros; antes, vejamos o bem que há em cada um de nós; descubramo-lo, porque todos nós fomos criados à imagem de Deus.
Não esqueçamos que ainda não somos santos, mas que nos esforçamos por sê-lo. Sejamos, pois, extremamente pacientes com os nossos pecados e com as nossas quedas. Não te sirva a língua senão para o bem dos outros, “porque a boca fala da abundância do coração”. Temos de ter alguma coisa no coração para podermos dar; aqueles cuja missão é dar têm primeiro de crescer no conhecimento de Deus.
Beata Teresa de Calcutá (1910-1997), fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade

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